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AGROTÓXICOS E A SEGURANÇA ALIMENTAR

Criados durante a Primeira Guerra Mundial e usados posteriormente como arma química, os agrotóxicos tornaram-se assunto comum entre os brasileiros. Eles são utilizados hoje nas lavouras para o controle de pragas e doenças, evitando os prejuízos econômicos dos agricultores. A atenção e fiscalização em relação ao seu uso de maneira adequada é uma das preocupações do Conselho de Engenharia e Agronomia da Paraíba (Crea-PB). Isso porque a aplicação desses produtos químicos está diretamente relacionada à segurança alimentar das famílias paraibanas.

Segundo o engenheiro agrônomo João Alberto de Souza, diretor do Crea-PB, um alimento seguro é aquele no qual não há resíduos de agrotóxicos ou aqueles que, mesmo tratados com agrotóxicos, apresentam um limite máximo de resíduos permitido pela legislação e determinado pela ANVISA.

Quem pode orientar os produtores sobre esse limite é o engenheiro agrônomo que, através do Receituário Agronômico, indica se é necessário e qual o tipo de produto apropriado para determinada cultura, em qual período da safra deverá ser aplicado, em que quantidade e quaisquer outras especificações técnicas necessárias. Segundo João Alberto, a compra dos agrotóxicos se assemelha aos remédios que exigem receitas, como os antibióticos. “Da mesma forma que esses medicamentos só podem ser vendidos com a receita médica, os agrotóxicos também só devem ser comercializados mediante a emissão do receituário agronômico por um agrônomo, responsável técnico por uma empresa ou produtor”, explica.

De acordo com o agrônomo, muitos agricultores ainda usam o produto sem receber essa orientação. “ O grande risco é que, sem receber a assistência técnica do engenheiro agrônomo, eles podem estar usando produtos que não estejam registrados para a cultura, em dose excessiva, até porque existe uma dificuldade em entender os rótulos e bulas”, comenta.

 

 RISCOS PARA OS TRABALHADORES E PARA O MEIO AMBIENTE

O engenheiro agrônomo também desempenha um papel importante em relação à segurança do trabalho, já que, segundo o diretor do Crea-PB, muitos trabalhadores não usam os Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), necessários para o manuseio dos agrotóxicos, do preparo da cauda (mistura do produto com água) até sua aplicação com o pulverizador. “O risco de intoxicação aguda ou crônica é muito alta. Existem casos comprovados de morte de trabalhadores expostos inadequadamente aos agrotóxicos”, aponta João Alberto.

Outra preocupação do Conselho é com relação à destinação ambientalmente correta das embalagens vazias de agrotóxicos, já que é recorrente a identificação de que essas embalagens são descartadas em lixões, enterradas, e podem causar contaminação da população e do meio ambiente.

O engenheiro agrônomo conta que existe um ponto de coleta de embalagens vazias, que recebe também restos de produto e produtos fora da validade. “Fica na BR 101, próximo a Mamanguape. Lá, embalagens que são vendidas por comerciantes registrados na Paraíba e também algum produto de fora pode ser entregue. O importante é retirar ao máximo as embalagens vazias e os produtos fora de uso do meio ambiente” adverte.

 

É POSSÍVEL RETIRAR OS RESÍDUOS DOS AGROTÓXICOS DO ALIMENTO?

Enquanto o Crea fiscaliza os comércios e propriedades para assegurar que o uso dos agrotóxicos seja feito sob a orientação técnica de um profissional habilitado, há, na ponta do processo, uma preocupação por parte de quem consome esses alimentos. A dúvida sobre como lavar os alimentos é recorrente.

João Alberto de Souza explica que, embora métodos como lavar as frutas e verduras com água sanitária possa ajudar, primeiramente é preciso entender o modo de operação desses produtos. “Há agrotóxicos que atuam na forma de contato, então são aplicados e ficam na superfície das frutas,

das plantas, das ramas. Hoje, já se sabe que uma parte do produto consegue atravessar o produto e as barreiras da folha. Com o produto de contato, se não for respeitado o período de carência – é aquele entre a última aplicação do produto químico e a colheita para o consumo, no qual os resíduos dos agrotóxicos se degradam pela ação do sol, da chuva e da água -,  aumentam os riscos de segurança daquele alimento, mas, pelo tipo de aplicação do produto, a lavagem pode surtir mais efeitos”, explica o agrônomo.

Outro tipo de ação são os produtos sistêmicos, que são aqueles aplicados e absorvidos pela planta e passam a circular na sua seiva. “É como se fosse um remédio que recebemos na veia. O nosso sangue é a seiva das plantas. Esse produto, você não tem como retirar do sistema, por isso a lavagem não contribui”, esclarece.

Para João Alberto, o importante é conhecer a procedência dos alimentos, em especial os hortifrutigranjeiros, como tomate, pimentão e batata, que são culturas mais suscetíveis a pragas e doenças e, portanto, ao uso dos agrotóxicos.  Ele acredita que o seu rastreamento seria a melhor saída. “Em outros estados, isso já acontece e é muito eficaz, porque o consumidor consegue identificar, em supermercados e feiras, através de códigos, as características do produto, desde a origem, onde foi produzido, se é orgânico, agroecológico e se passou por algum procedimento de análise laboratorial para identificação de resíduos de agrotóxicos. Essa seria a forma mais eficaz do consumidor adquirir produtos de origem segura”, comenta o diretor do Crea-PB.

Existem outros métodos de controle no manejo integrado de pragas, que podem ser utilizados antes do recurso aos agrotóxicos. Através deles, é possível eliminar ou reduzir drasticamente o seu uso. “Por isso a importância de um profissional que saberá quando recorrer a esses métodos”, conclui.

 

 

Grazielle Uchôa/Assessoria de Comunicação Crea-PB

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