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Entrevista: Maria Aparecida Estrela fala sobre o Abril Verde

Nesta segunda-feira (1), tem início a campanha Abril Verde, criada para conscientizar empresas, trabalhadores e sociedade sobre a prevenção de acidentes de trabalho e doenças ocupacionais. A iniciativa une duas datas comemorativas muito simbólicas: o Dia Mundial da Saúde, comemorado no dia sete de abril e o Dia Mundial em Memória das Vítimas de Acidentes e Doenças do Trabalho, no dia 28 de abril.

O Abril Verde foi idealizado na Paraíba em 27 de novembro de 2013 durante o IV Encontro Estadual dos Profissionais de Segurança de Trabalho. O Técnico José Nivaldo Barbosa e a engenheira civil e de segurança do trabalho, Maria Aparecida Rodrigues Estrela, deram início ao movimento, lançando a primeira “Campanha Abril Verde” no dia 07 de abril de 2014, com uma grande abertura no auditório do Sintell.

Ações educativas, seminários e palestras foram realizadas no mesmo dia na Reunião Plenária do Crea-PB e, no mesmo ano, entrou em vigor a primeira lei municipal do Abril Verde, a Lei Ordinária N° 12.814/2014, de João Pessoa.

Hoje, já no sexto ano de atuação, a campanha Abril Verde tornou-se conhecida por todo o Brasil. Muito maior que uma campanha, o movimento traz inúmeras possibilidades de ação, sempre com o objetivo de prevenir e preservar a vida e a saúde do ser humano. Para falar sobre sua trajetória junto ao movimento e a importância do debate em torno da segurança do trabalho, o Crea-PB entrevista Maria Aparecida Estrela, Engenheira Civil e de Segurança de Trabalho, presidente da AEST-PB, coordenadora da Campanha Abril Verde e conselheira do Regional. Confira.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Foto: Arquivo Pessoal

 

– Por que decidiu trabalhar com a segurança do trabalho. Conte-nos um pouco sobre sua trajetória profissional?

“Começou na Universidade Federal de Campina Grande, quando estava para terminar o meu curso de Engenharia  Civil e fazendo estágios. Chamou-me atenção a insegurança nas obras em uma ocasião que presenciei onde foi colocada uma dinamite para o processo de escavação em área urbana. Eu via casas rachando, os funcionários se submetiam àqueles tipos de situações perigosas sem nenhum apoio ou segurança. Em 1986 fui passar as férias no Rio de Janeiro, e vi em um jornal uma matéria sobre a Segurança do Trabalho, contando sobre a lei que regulamenta a Engenharia de Segurança de Trabalho, sancionada em 1985. Na mesma hora me recordei do que via acontecer nos estágios em que trabalhava aqui na Paraíba e pensei que pudesse contribuir com a solução para evitar a exposição do trabalhador a situações de risco. Voltei para o estado e busquei informações sobre a Segurança, além de ter me dedicado aos estudos aprofundados sobre o tema, que ainda era novo pra mim.

Foi quando surgiu a ideia de promover um curso junto com a turma do curso e o apoio do engenheiro de Segurança da universidade, como uma estratégia de arrecadar dinheiro para a formatura. A partir daí minha história com a Segurança do Trabalho deu seu primeiro passo! Após terminar o curso de Engenharia Civil, vim para João Pessoa fazer o curso de Segurança do Trabalho para me aperfeiçoar. Não parei mais de estudar e tentar conseguir um emprego, mas existia um grande preconceito e a maioria das empresas e obras só contratavam homens. Resolvi ir para Brasília e ficar na casa de alguns parentes, na tentativa de conquistar um trabalho. Das doze entrevistas que fiz, uma era uma vaga para engenheira de Segurança do Trabalho. Já estava apaixonada pela área, então não pensei duas vezes em aceitar! Fui ser Engenheira de Segurança do Trabalho numa reforma da fachada na sede do Banco do Brasil. Depois de alguns anos tive a oportunidade de voltar para João Pessoa e continuar com minha carreira na Segurança.”

– Quando e como passou a atuar como conselheira do Crea-PB? A atuação junto ao Conselho contribuiu para o cenário da segurança do trabalho no estado? De que maneira?

“Meu mandato como conselheira do Crea-PB iniciou em 2015 e foi impulsionado justamente pelo destaque como presidente da Associação de Engenharia de Segurança do Trabalho. Fui convidada pela ex-presidente do Conselho, a Engenheira Agrônoma Giucélia Figueredo, para participar da eleição na época. Vinha atuando desde 2013 na AEST-PB e na Campanha Abril Verde, mas como conselheira do Crea-PB meu trabalho se expandiu exponencialmente, pois tive a oportunidade de viajar por todo o Brasil para apresentar e divulgar a Campanha para os 27 estados da federação. Foi uma oportunidade ímpar que alavancou a Segurança do Trabalho não só na Paraíba.”

– Como funciona a primeira LEI MUNICIPAL DO ABRIL VERDE, a LEI ORDINÁRIA N° 12.814/2014?

“Partindo do princípio que a educação nas escolas sobre a Segurança do Trabalho conscientizaria muito as crianças, que são os futuros trabalhadores na sociedade, e que elas seriam a porta para a conscientização nos seus lares, tivemos a iniciativa de criar uma lei que nos desse acesso a essas escolas municipais, através de disciplinas ou ações sobre a Segurança do Trabalho. ”

– Qual mudança a senhora acredita que o movimento trouxe para a segurança do trabalho a nível estadual e nacional?

“Saber que da Paraíba surgiu uma mobilização tão grande que conseguiu alcançar praticamente todos os estados brasileiros em um curto período de tempo, é de se orgulhar! Leis municipais foram criadas a partir da campanha em muitos lugares pelo Brasil, prédios iluminados de verde no mês de abril e empresas abraçando o movimento, aderindo ações sobre prevenção de acidentes. O Papa Francisco citou a campanha Abril Verde em uma ocasião e ano passado o Cristo Redentor foi iluminado de verde, dando a campanha ainda mais destaque, tanto nacional como internacional.”

– Quais mudanças ainda são necessárias?

“Muitas mudanças ainda são necessárias. Buscamos todos os dias parceiros e apoiadores para nos ajudar nessa campanha tão importante na sociedade. Alguns ministérios não tem se engajado como antes, e isso tem dado um resultado negativo. Mas, para nossa surpresa, temos conquistado alguns apoios essenciais, como a OAB. E por não ser um movimento partidário e não ter fins lucrativos, ainda carece de alguns recursos.”

 

Brenda Melo, estagiária da Assessoria de Comunicação do Crea-PB

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